É frequente assistirmos ao uso indiscriminado destes dois
vocábulos nos seus mais diversos contextos, como se eles fossem sinónimos ou,
pior, como se a diferença entre eles resultasse de uma maior expressividade de
um sobre o outro. Não, a diferença entre eles não é meramente expressional,
muito menos de coincidência sémica.
Aliás, a própria origem etimológica de cada uma deles já nos
ajuda a perceber a suas individualidades conceptuais:
Simpatia: do grego
sin (junto de) + pathos (sentimento/sofrimento);
Empático: também
do grego in (para dentro) + pathos (sentimento/sofrimento).
Aquele que é simpático com alguém revela-se atencioso na sua
alteridade e comunica ao outro que este não lhe é indiferente. No entanto, o
empático vai mais além do que um mero sorriso e uma pancadinha nas costas. Este
mostra-se voluntariamente solidário e possui o mérito de entrar no sofrimento
do outro, conhecer-lhe os problemas e as ansiedades com que se debate. Para
isso, convoca a capacidade de se ausentar momentaneamente de si e “invadir” a
dimensão interior do alter, preocupando-se com ele, cuidando dele.
A simpatia mobiliza sentimentos como o companheirismo, a
camaradagem ou a “amizade”; a empatia é a consequência de um sentir profundo,
de uma preocupação autêntica, de uma comunhão emocional, de uma afinidade... numa
palavra, do AMOR. Essa coisa de forte polissemia que subsume, no dizer de
Voltaire, um número quase incontável de sentimentos naturais e que tudo
resolve.
A este propósito, permito-me evocar o verso final da Divina
Comédia onde Dante Alighieri versifica: l'amor che
move il sole e l'altre stelle; e as não menos sublimes redondilhas de Luís de
Camões que num dos seus versos assim diz: bem vês que por amor se move tudo.
O simpático encontra uma
pessoa na rua e pergunta-lhe:
— Olá, como estás? E segue o seu caminho.
O empático faz a mesma pergunta, mas espera pela
resposta.
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