12/12/2019

SER SIMPÁTICO OU EMPÁTICO? EIS A QUESTÃO



É frequente assistirmos ao uso indiscriminado destes dois vocábulos nos seus mais diversos contextos, como se eles fossem sinónimos ou, pior, como se a diferença entre eles resultasse de uma maior expressividade de um sobre o outro. Não, a diferença entre eles não é meramente expressional, muito menos de coincidência sémica.
Aliás, a própria origem etimológica de cada uma deles já nos ajuda a perceber a suas individualidades conceptuais:
Simpatia: do grego sin (junto de) + pathos (sentimento/sofrimento);
Empático: também do grego in (para dentro) + pathos (sentimento/sofrimento).
Aquele que é simpático com alguém revela-se atencioso na sua alteridade e comunica ao outro que este não lhe é indiferente. No entanto, o empático vai mais além do que um mero sorriso e uma pancadinha nas costas. Este mostra-se voluntariamente solidário e possui o mérito de entrar no sofrimento do outro, conhecer-lhe os problemas e as ansiedades com que se debate. Para isso, convoca a capacidade de se ausentar momentaneamente de si e “invadir” a dimensão interior do alter, preocupando-se com ele, cuidando dele.
A simpatia mobiliza sentimentos como o companheirismo, a camaradagem ou a “amizade”; a empatia é a consequência de um sentir profundo, de uma preocupação autêntica, de uma comunhão emocional, de uma afinidade... numa palavra, do AMOR. Essa coisa de forte polissemia que subsume, no dizer de Voltaire, um número quase incontável de sentimentos naturais e que tudo resolve.
A este propósito, permito-me evocar o verso final da Divina Comédia onde Dante Alighieri versifica: l'amor che move il sole e l'altre stelle; e as não menos sublimes redondilhas de Luís de Camões que num dos seus versos assim diz: bem vês que por amor se move tudo.
O simpático encontra uma pessoa na rua e pergunta-lhe:
   Olá, como estás? E segue o seu caminho.
O empático faz a mesma pergunta, mas espera pela resposta.

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