21/01/2020

Orçamento de Estado ou do Estado









Um dos grandes problemas do mau uso das línguas naturais consiste na aceitação coletiva de palavras ou expressões erradas e que proliferam de boca em boca com um aparente rigor linguístico. Consagra-se-lhes o seu “bom uso” de ânimo leve tal como aquelas mentiras que, de tantas vezes serem ditas, se transformam em verdades.
Não pretendo com isto afirmar que a ocorrência de tais fenómenos constitua algum crime de lesa língua. Move-me tão só o ímpeto de vindicar uma atitude mais crítica por parte de quem acha que faz bom uso da língua portuguesa, principalmente os órgãos de comunicação social, agentes essenciais na promoção e preservação do nosso idioma.
Vejamos duas situações concretas:


(1) “Qual o ponto de situação do 5G em Portugal?”
     In Jornal de Negócios, 2 de maio de 2019


(2) “O Orçamento de Estado para 2020 prevê uma redução de 2,7 pontos percentuais no peso
     da dívida pública no PIB...”
     In Jornal Expresso, 16 de dezembro de 2019


Tanto num caso (ponto de situação) como noutro (orçamento de estado), o uso da preposição deveria ocorrer na sua forma contraída com os respetivos determinantes artigos de definidos: da, em (1), e do, em (2). Não havendo a referida contração, direi que estamos na presença de dois conceitos e não de duas realidades concretas.
Querendo os jornalistas referir-se, em (1), à situação em que se encontra a introdução da nova geração de tecnologia móvel no nosso país, o de deveria ser substituído por da. E mesmo pode ser dito em (2), onde o do faria o verdadeiro sentido, uma vez que não nos estamos a referir a um documento conceptual, mas tão só ao orçamento do nosso Estado, enquanto conjunto das instituições que controlam e administram a nossa Nação.
Agora, vou ler o orçamento do Estado para 2020 e tentar perceber se há boas notícias para o futuro próximo.


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