Caros leitores, se estiverem atentos à forma como, na conversação dial e também na nossa comunicação social, é pronunciada, de forma reiterada, a palavra “rubrica”, constatarão que esse vocábulo ocorre com a prolação [‘r̄ubrikα], como se a tónica estivesse localizada na primeira sílaba, ou seja: rú–bri-ca.
Ora, mandam as regras da prosódia
da língua portuguesa que a palavra em questão seja pronunciada com a tónica na
penúltima sílaba [r̄u’brikα],
na medida em que se trata de uma palavra paroxítona.
Desenganem-se, por isso, todos
aqueles que defendem a coexistência das duas formas, alegando que “rúbrica” nos
remete para uma assinatura abreviada e “rubrica”, quando falamos de um assunto,
matéria, tópico, programa radiofónico ou televisivo. A palavra deve
pronunciar-se com acentuação grave para todas as suas aceções, não
possuindo, na escrita, qualquer acento gráfico.
Já agora, deixo-vos aqui uma
pequena abordagem à história deste vocábulo tão maltratado nos nossos dias:
Do latim rubrĩca, œ (tinta vermelha), diretamente ligada
a ruber, rubra e rubrum (vermelho), tinha como significado “argila vermelha”. O facto de
os livros ancestrais e os manuscritos medievos possuírem os seus títulos a cor
vermelha fez com que a sua designação passasse a ser conhecida como rubricas. O mesmo sucede com a letra ou linha inicial de um capítulo em códices antigos;
as notas dos breviários ou missais; ou os títulos
dos capítulos de livros de direito… todos eles
escritos a tinta vermelha. Só muito mais tarde, a mesma palavra adquiriu o
alcance semântico de assinatura abreviada.
Esta foi a minha rubrica de hoje.