03/01/2021

Um brinde à memória de Torga


  Hoje lembrei-me de Torga. Como durienses que somos, gostamos de fruto da videira e do trabalho do homem. Eu gosto, ele, provavelmente.

  Peguei num dos seus livros e abri uma garrafa de vinho da nossa zona. Coloquei dois copos sobre a mesa e fiz o ofertório: um para mim e outro para ele. A ideia era ir bebendo enquanto lia. Beber um copo no final de cada poema. O dele manteve-se cheio, o meu, nem por isso.

  Guardei o fundo da garrafa para este:

 

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer,
enquanto O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada