Existe ou não uma diferença de sentido entre “visualização de um vídeo” e “visionamento de um vídeo”?
Provavelmente, muitos de nós já tropeçámos nesta
dúvida, sempre que quisemos registar uma determinada atividade letiva num
sumário de aula ou uma iniciativa num plano anual de atividades.
Uma tendência mais desavisada leva-nos ao uso
indiscriminado das duas formas, no pressuposto de que se trata de uma sinonímia
como tantas outras disponíveis no léxico da língua portuguesa.
Não, “visualização” e “visionamento” não constituem
uma mesmidade. É certo que, ao nível da decomposição lexical, estes dois
vocábulos partilham alguns semas, mas possuem outros que se mostram divergentes
entre si, conferindo-lhes um carácter distintivo.
“Visualizamos
um vídeo” quando a ele assistimos numa perspetiva de mero espetador. No
entanto, se o fizermos sob um ponto de vista técnico, aí já estaremos não a visualizar
o vídeo, mas a “visioná-lo”.
Importa ainda referir que “visualizar” também pode significar,
numa conceção semântica mais generalizada da palavra, o simples ato de ver, ou
seja, podemos “visualizar uma gaivota no céu” ou “visualizar o trânsito em hora
de ponta”.
Vejamos, pois, alguns exemplos do que
acabámos de referir:
(1) «Além do
contexto de produção e exibição do filme, o contexto de visionamento é também um fator essencial para a apreciação de um
filme.» (https://www.jornaldeleiria.pt/opiniao/cinema-or-arte-e-lazer)
(2) «Adicionar
filmes e séries à lista de visualização
é um processo simples […]» (https://www.pcguia.pt/2024/09/como-usar-o-google-para-criar-uma-lista-de-series-e-filmes-que-quer-ver/)
(3) «Outros sintomas de alarme são a dor nos olhos, visualização de “flashes de luz”» (https://www.saudebemestar.pt/pt/clinica/oftalmologia/visao-turva/)
Resumindo, em (1), está-se a olhar para um
filme sob o ponto de vista técnico; em (2), olhamos para os filmes numa
perspetiva de espetador; em (3), falamos apenas do mero ato de olhar.
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