Whistler - mother |
Porque hoje é dia da mãe, deixem-me ser lamechas!
Porque hoje é
o dia daquela que me deu dia, deixem-me ser como o Decio!
MEU POEMA
ACORDA DORIDO!
Manhã virgem
manhã cedo
meu poema acorda dorido
manhãs frias
vai à igreja vai à missa
em pernas de pressa:
ó Senhor pão às minhas crias.
Meu poema sofre a madrugada
a espreitar a aurora
acarreta água ensonada
enche bidão enche tamborão
de olho na torneira
música sofrida no coração.
Dorme insónias na noite escura
acorda constrangido a praça
a vender gelados
compra esperança
recebe troco ternura
bem diz os kwanzas bem diz trocados.
Caminha um sol abrasador
preocupação no rosto
meu poema tem dor
a rusga a falar serviço militar
a rusga: kwata-kwata miúdos a passear
kwata-kwata miúdos, oh desgosto!
Meu poema desperta alvorecer
lava roupa amontoada no tanque
rebenta mãos de sofrer
vende gelo no Roque
e sofre filho fugidio emigrado
filho mwangolé exilado.
Meu poema dorme cansado
é pai mãe marido mulher...
cuida os miúdos
atende o marido
dorme dorido prazer
dorrme dorido sonho de trocados.
Meu poema dobra joelhos em manhãs frias:
ó Senhor pão às minhas crias!
meu poema acorda dorido
manhãs frias
vai à igreja vai à missa
em pernas de pressa:
ó Senhor pão às minhas crias.
Meu poema sofre a madrugada
a espreitar a aurora
acarreta água ensonada
enche bidão enche tamborão
de olho na torneira
música sofrida no coração.
Dorme insónias na noite escura
acorda constrangido a praça
a vender gelados
compra esperança
recebe troco ternura
bem diz os kwanzas bem diz trocados.
Caminha um sol abrasador
preocupação no rosto
meu poema tem dor
a rusga a falar serviço militar
a rusga: kwata-kwata miúdos a passear
kwata-kwata miúdos, oh desgosto!
Meu poema desperta alvorecer
lava roupa amontoada no tanque
rebenta mãos de sofrer
vende gelo no Roque
e sofre filho fugidio emigrado
filho mwangolé exilado.
Meu poema dorme cansado
é pai mãe marido mulher...
cuida os miúdos
atende o marido
dorme dorido prazer
dorrme dorido sonho de trocados.
Meu poema dobra joelhos em manhãs frias:
ó Senhor pão às minhas crias!
Um beijo em língua portuguesa para todas as mães PORTUGUESAS, dos PALOP, de TIMOR, do BRASIL e da DIÁSPORA lusitana.
ResponderEliminarDecio Bettencourt Mateus, um poeta angolano em ascensão. Este é dos bons. O tempo far-lhe-á o merecido reconhecimento.
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