07/06/2019

VER O ECLIPSE LUNAR AO VIVO

        No passado dia 21 de janeiro, Portugal passou a noite de olhos postos no céu, na esperança de presenciar um raro espetáculo celestial. A Lua estava prestes a perder o seu lugar ao sol, fundindo-se momentaneamente com o breu do firmamento.
        Muitos foram os órgãos de comunicação social que não quiseram perder a oportunidade de noticiar o fenómeno mais ou menos nestes termos:

Veja o eclipse lunar total ao vivo

       Logo me questionei se seria correto utilizar a expressão “ao vivo” neste caso concreto, não sendo a Lua um ser vivente. Deixei essa preocupação de lado e procurei um lugar sossegado e suficientemente penumbroso para poder assistir ao “abuso” da Terra sobre a Lua.

         No dia seguinte, e porque a referida expressão não me saída da cabeça, procurei saber o que dizem as vozes de autoridade sobre este tipo de dúvidas, desde logo em três dicionários de referência: António Houaiss, José Pedro Machado e Academia das Ciências de Lisboa. Os três convergem na definição de “ao vivo” quando traçam o seu quadro semântico, remetendo-o para um fenómeno imediato, não ficcionado ou em tempo real. Mais deixam transparecer que, normalmente, o uso da expressão está associado a seres humanos. Mas, apesar da consagração desse uso a seres racionais, aceita-se a metáfora veiculada na notícia como forma de sublinhar o valor e a beleza decorrentes da observação direta do eclipse sem recurso aos meios audiovisuais.



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