“Halle Berry mudou de roupa à última da hora devido às novas regras de Cannes”
Confesso que a indumentária que os famosos escolhem para determinadas cerimónias é assunto que pouco ou nada me interessa, muito embora tenha uma predileção especial sobre tudo que diga respeito à sétima arte, ainda mais tratando-se de Halle Berry, uma das atrizes mais talentosas do mundo do cinema. O que me levou a dedicar algum do meu tempo a este artigo foi o teor linguístico do seu título, mais concretamente a expressão “à última da hora” que, em bom rigor, constitui mais um vício de linguagem dos muitos que por aí grassam.
Quantos de nós já não a utilizámos em conversações informais ou mesmo quando escrevemos à pressa? Acontece que a jornalista que assinou o texto, capitulado nos referidos termos, não estava a escrever à pressa nem tão-pouco a conversar num contexto de informalidade.
Não é correto escrever/dizer “à última da hora”, tal como não seria aceitável escrever/dizer “ao último do minuto” ou “ao último do segundo”. Já agora, seria admissível a locução “à primeira da hora”?! Claro que não.
A forma correta é “à última hora”, com o significado de “último instante”:
É verdade que há dicionários que registam as duas formas para o mesmo sentido (como é o caso do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências ou do Priberam), no entanto, tal preceito não legitima o uso do solecismo, na medida em que este tem merecido o repúdio da generalidade dos especialistas.