tag:blogger.com,1999:blog-40833330653628521252024-03-28T16:29:45.337+00:00Esta língua que me fezNo princípio era o Verbo e continua a sê-Lo.Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-57474786697849884392024-03-06T21:17:00.005+00:002024-03-28T16:29:13.694+00:00Entre Tânger e tangerina<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoGFdQl_Er4WuB7x4y3seWrrvuOHU61Zr4_WJWahaWYqfGMs5dTf6JdobOIjeMlcQ_pie4q39-26vaC1ZQ_wdlmHRztXES7mSUuq3_BV-pooz0W0LRMzJNOxf6Knfc3Hx-Zt0BDS9Fh9lqwH71hGbIhgKFATUc4bxJqH-MGMDTrVxzUipRHw-oOmTT_vw/s404/Tangerina.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="291" data-original-width="404" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoGFdQl_Er4WuB7x4y3seWrrvuOHU61Zr4_WJWahaWYqfGMs5dTf6JdobOIjeMlcQ_pie4q39-26vaC1ZQ_wdlmHRztXES7mSUuq3_BV-pooz0W0LRMzJNOxf6Knfc3Hx-Zt0BDS9Fh9lqwH71hGbIhgKFATUc4bxJqH-MGMDTrVxzUipRHw-oOmTT_vw/w213-h153/Tangerina.png" width="213" /></a></div><div><br /></div><p><span style="background-color: white; color: #212529; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> Há
dias, enquanto fazia algumas compras num minimercado perto da minha casa,
lembrei-me de como há palavras que carregam, na sua origem, informação sobre a
nossa história. Estava na secção da fruta e, num papel identificador, estava
escrito «tangerinas: 2 euros o quilo”. Não foi o preço que me chamou a atenção
nem tão-pouco a vontade de as comprar. Foi a palavra em si.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #212529;"><span style="font-family: arial;"> Fala-se
hoje muito, nas escolas, dos domínios de autonomia curricular (as chamadas DAC)
e das suas potencialidades na exploração de percursos pedagógico-didáticos que
intersetam aprendizagens de diferentes disciplinas. Logo ali, pensei nas muitas
palavras da nossa língua que podem convocar um trabalho interdisciplinar bastante
fecundo entre a Língua Portuguesa e a História. É que a palavra “tangerina”
(outrora chamada laranja tangerina) pode ser, também ela, um discreto documento
histórico.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #212529;"><span style="font-family: arial;"> A
palavra recebeu o seu nome de Tânger, a importante cidade do norte de África,
conquistada pelos portugueses em 1471. Era aí, nomeadamente no seu porto
mercantil, que o pequeno citrino era exportado para a Europa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #212529;"><span style="font-family: arial;"> A tangerina,
variante feminina de tangerino (gentílico que significa natural da cidade de
Tânger), crescia abundantemente nos pomares daquela região e foram precisamente
os árabes que a introduziram em Portugal.<o:p></o:p></span></span></p><p>
<span style="background: white; color: #212529; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial;"> Deixo aqui esta sugestão para
“descascar” um trabalho articulado com os alunos, convidando também os
professores de Ciência Naturais a juntarem-se a este desafio, pois há também que
classificar o fruto sob o ponto de vista científico e nutricional.</span></span></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-68092595151157827462023-12-08T14:41:00.009+00:002023-12-08T14:41:50.604+00:00“COM CERTEZA” DE QUE É ASSIM QUE SE ESCREVE<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8PXeHPMiPiHmcm3V-BbVIZS1zoIDm1Ndzp5q2lOCs_fDFdajKju1ZSjHBjHCsEZZc6WdYgA0MC7Wcz54SOIm4blbb_Y15UEGraX-FzMAcTcCuyDtS6t9QbzrgPq3Cv_OMES0MTMG5zZssjGIHEkCv4gZY24vq1u8M3IkxiGdQ6wQakA7wUZM-KJrxhqo/s349/Com_Certeza_Bem_Vindo.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="212" data-original-width="349" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8PXeHPMiPiHmcm3V-BbVIZS1zoIDm1Ndzp5q2lOCs_fDFdajKju1ZSjHBjHCsEZZc6WdYgA0MC7Wcz54SOIm4blbb_Y15UEGraX-FzMAcTcCuyDtS6t9QbzrgPq3Cv_OMES0MTMG5zZssjGIHEkCv4gZY24vq1u8M3IkxiGdQ6wQakA7wUZM-KJrxhqo/s320/Com_Certeza_Bem_Vindo.PNG" width="320" /></a></div><br /><p></p><p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif;"> Não obstante as minhas limitações científicas sobre matérias
relacionadas com a Astrofísica, a verdade é que não perco uma oportunidade para
ler notícias e artigos sobre o este assunto, pelo fascínio incomensurável que
ele me causa. Foi precisamente num desses momentos de leitura que me deparei
com algo que me despertou a atenção linguística e mereceu, por isso, um devido
apontamento que aqui vos trago.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif;"> O texto em causa veicula a opinião de Vítor Cardoso, um
ilustríssimo físico cuja mestria e superlativa erudição de pensamento não passa
despercebida na comunidade científica internacional. O artigo vinha publicado
no jornal Expresso do pretérito dia 6/10/2020, na sua edição digital (</span><a href="about:blank"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Estamos a
aproximar-nos cada vez mais da superfície dos buracos negros - Expresso</span></a><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif;">).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif;"> A
certa altura, escreve o autor:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif;"> <span style="font-size: x-small;"> «[…]
Isto não prova que esse objeto seja um buraco negro - na realidade, por
definição é impossível provar que buracos negros existem - mas é <u>concerteza</u>
evidência boa […]» (sublinhado meu).</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif;"> Não
configurando propriamente um buraco negro na ortografia portuguesa, não deixo
de destacar o erro na grafia de “com certeza”, muito comum, aliás, na
generalidade dos utilizadores da nossa língua. Erros como este há-os em
quantidades generosas e resultam de uma clara interferência da oralidade na
escrita, na medida em que quem fala tende a aglutinar sons que devem ser separados
por quem escreve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif;"> Fenómeno
semelhante é aquele que se verifica em equívocos tão recorrentes como
“benvindo” em vez de “bem-vindo”, “depressa” em vez de “de pressa”,
“derrepente” em vez de “de repente” ou “secalhar” em vez de “se calhar”.</span></p><p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-75272070218010805342022-07-07T12:48:00.004+01:002022-07-07T12:50:12.791+01:00Dignitário e não dignatário<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Na edição do jornal Expresso do dia 10 de março deste ano,
foi veiculada uma notícia sobre a guerra na Ucrânia que dava nota da vontade de
o papa Francisco mediar um entendimento diplomático entre os dois líderes em
conflito, tendo, inclusivamente, nomeado dois cardeais para esse efeito. A
certa altura, lê-se o seguinte:</p>
<p class="MsoNormal"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">“As movimentações
diplomáticas não esgotam, porém, as ações que o Papa Francisco tem levado a
cabo nos últimos dias e que passaram pelo envio, para o cenário de guerra, de
dois altos dignatários de Roma.”</span></i></p><p class="MsoNormal"></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Com todo o respeito que me merece o semanário informativo e o
jornalista responsável pela redação do texto, não posso deixar de assinalar um
erro de português que ocorre neste pequeno excerto, mais especificamente na
palavra dignitário, aí escrita erradamente.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> É certo que não se trata de um erro incomum, pelo contrário,
ele ocorre com muita frequência no uso dial da nossa língua. Contudo, estamos a
falar de um jornal de referência no universo da comunicação social, do qual se
exige o devido rigor.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A tendência para o uso errado da palavra, na forma “dignatário”,
decorre de um fenómeno de contágio marcado pela grafia do verbo “dignar”.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Trata-se de um vocábulo que resulta do aportuguesamento do
“dignitaire” francês que, por sua vez, radica do termo latino “dignitate”. A
história fonética da palavra “dignitário” revela-nos um possível estado
intermédio que a fixou como “dignitatário”, já com a presença do sufixo “-ário”,
sobre a qual foi exercida uma haplologia que fez cair a terceira sílaba,
resultando na forma sincopada “dignitário”, atualmente usada na nossa língua.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Esta vocação evolutiva do vocabulário português para a
supressão da primeira de duas sílabas semelhantes, em adjacência silábica, pode
ser verificada também noutros casos concretos como:</p>
<p class="MsoNormal"> bondade + oso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>bondadoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>bondoso</p>
<p class="MsoNormal">caridade + oso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>caridadoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>caridoso</p>
<p class="MsoNormal">cândido + ura<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>candidura<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>candura</p>
<p class="MsoNormal"></p>
<p class="MsoNormal">idade + oso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>idadoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>idoso</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> O fenómeno haplológico também ocorre noutras línguas, como é
o caso da palavra inglesa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">probably</i>:</p>
<p class="MsoNormal"> <span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">probable
</span>+ <span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ly <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">probablely<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: 16pt;">—</span>><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">probably</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Encerro este texto, desejando aos meus dignitários leitores
umas boas férias de verão (se for esse o caso), fazendo votos de que os
próximos dias tragam a paz para a Ucrânia e Rússia, em vez de atitudes <i style="mso-bidi-font-style: normal;">maldadosas</i> (i.e. maldosas).</p>
<p><style>@font-face
{font-family:"Cambria Math";
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1107305727 0 0 415 0;}@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1073786111 1 0 415 0;}p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;}.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Calibri;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}div.WordSection1
{page:WordSection1;}</style></p><p> </p><p> </p><p>
</p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p><style>@font-face
{font-family:"Cambria Math";
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1107305727 0 0 415 0;}@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1073786111 1 0 415 0;}p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;}.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Calibri;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}div.WordSection1
{page:WordSection1;}</style></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-65652662659373460352022-04-03T21:28:00.000+01:002022-04-03T21:28:46.241+01:00Sandes, Sande, Sanduíche?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcHqzJC2Hd38NHY6gAaOtiOE4FN55HDi-dqerhi6sYuvz5wsn3H1Vp461r2TFZzT3Ay-NVCvpA6AKD1op2fnRNNi0IKTSaM4Fv_e1qJan2MoQ3xPxxtKJk43RoqfbbkKO3RP-L9lIlQcSB9nmUTNUNYxzw1SHKAdL_PHAXQEfqwZm1EfKhrmLSjvPU/s195/Sande.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="160" data-original-width="195" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcHqzJC2Hd38NHY6gAaOtiOE4FN55HDi-dqerhi6sYuvz5wsn3H1Vp461r2TFZzT3Ay-NVCvpA6AKD1op2fnRNNi0IKTSaM4Fv_e1qJan2MoQ3xPxxtKJk43RoqfbbkKO3RP-L9lIlQcSB9nmUTNUNYxzw1SHKAdL_PHAXQEfqwZm1EfKhrmLSjvPU/s1600/Sande.png" width="195" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sandes, Sande,
Sanduíche?<o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i>
tem suscitado dúvidas recorrentes em todos aqueles que gostam de fazer um bom
uso da língua portuguesa. Para outros, no entanto, a questão nem se coloca pois
o que importa é que o pão esteja fresco e o presunto venha em quantidades
generosas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Devemos pedir uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i>,
uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i> ou uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sanduíche</i>?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sanduíche</i>
resulta de um aportuguesamento do vocábulo inglês <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandwich</i>. Através de um processo de truncação, a palavra foi
reduzida a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sand</i>/<i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i>, tal como aconteceu, por exemplo, com a passagem de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">metropolitano</i> a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">metro</i>.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Não é necessária uma abordagem estatística exaustiva para
concluir que, no singular, a forma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i>
se sobrepõe a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i> no uso dial da
língua lusa. No entanto, resulta numa irrefutabilidade a conclusão de que a
forma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i> decorre da flexão regular
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i> na sua variação em número,
ou seja: uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i>, duas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i>. É esta a perspetiva normativista
da questão, na base da qual somos levados a concluir que não se pode pedir uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i>, mas uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sande</i>.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Acontece que, em língua alguma, os seus utilizadores se
sentem reféns da inflexibilidade normativa quando falam ou escrevem. Aliás,
alguns dicionários já lexicalizaram o plural da palavra no seu uso singularizado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Normas linguísticas à parte, a perspetiva descritivista dos
especialistas diz-nos que o uso da forma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandes</i>
se consagrou nos mais variados contextos geográficos do país, pelo que de nada
vale ao ímpeto purista da língua continuar a contrariar o que não é
contrariável.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> Curiosidade:<o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sandwich</i>,
enquanto epónimo, tem origens lendárias. Acredita-se que John Montagu, Conde da
cidade britânica de Sandwich (séc. XVIII), era viciado em jogos de cartas. Envolvia-se
tão entusiasticamente nas cartadas que se recusava suspendê-las no momento das suas
refeições. Como forma de saciar o estômago sem abandonar a mesa de jogo,
ordenava que lhe trouxessem um naco de carne assada entalada em duas fatias de
pão. De quando em vez, variava o recheio com outras opções nutritivas. Os seus parceiros
de jogo, ao constatar a natureza nutrícia e pragmática da bucha, trataram de a
popularizar junto dos clubes londrinos da época.<o:p></o:p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-54792298596123912362022-03-21T15:36:00.003+00:002022-03-21T15:36:22.528+00:00Gastão Cruz, para sempre<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTa1SR-CX38sDwjqE2Z_kP5_ygl-B-TA5re9qLuXgYqBmAGwno6peYB0n0sa0Mam-jYtNcmqoHnth4mmkxGp1bUz4XmNc5N8D1VcRGRJHwOUOkFpy3CJAmQz_FMC4v1opMFB9IBz34Zy5xPIfc2gzUP_VqD8AFnjf1v5f3N-n3cObVtUnYo7RXChDM/s494/GastaoCruz.tiff" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="489" data-original-width="494" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTa1SR-CX38sDwjqE2Z_kP5_ygl-B-TA5re9qLuXgYqBmAGwno6peYB0n0sa0Mam-jYtNcmqoHnth4mmkxGp1bUz4XmNc5N8D1VcRGRJHwOUOkFpy3CJAmQz_FMC4v1opMFB9IBz34Zy5xPIfc2gzUP_VqD8AFnjf1v5f3N-n3cObVtUnYo7RXChDM/s320/GastaoCruz.tiff" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p><span style="font-family: arial;">Faleceu, hoje, mais um talento da literatura portuguesa e, com ele, parte também um homem culto, um académico, um ser humano generoso.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Poeta, ensaísta e tradutor, entrou para o grande palco das belas letras lusitanas no ano de 1961 e, de lá para cá, não mais parou de bem escrever.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Agora, a <i>morte percutiva</i> "devolve ao chão as folhas e os ossos", mas preserva para o sempre o seu precioso estro.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Condolências à família e amigos.</span> </p><p><span style="font-family: arial;">Obrigado!</span><br /></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-6438883005231565082022-03-15T14:41:00.003+00:002022-03-15T14:49:26.321+00:00Histórias com música - O boneco de neve<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/kOHvSZdvd0c" width="320" youtube-src-id="kOHvSZdvd0c"></iframe></div><br /><p><br /></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-65913320269195024792022-03-04T16:18:00.006+00:002022-03-04T16:20:34.022+00:00Histórias com música - O menino da fisga<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/rmQSFsbiJK4" width="320" youtube-src-id="rmQSFsbiJK4"></iframe></div><br /><p><br /></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-70452182184966145882022-02-28T17:20:00.004+00:002022-02-28T17:20:45.481+00:00Histórias com música - O peixinho cor de prata<p> </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/TTClxCG0rAg" width="320" youtube-src-id="TTClxCG0rAg"></iframe></div><br /> <br /><p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-26038116719810080692022-02-28T17:18:00.002+00:002022-02-28T17:18:47.159+00:00Histórias com música: Chanfrisco - O pinto careca<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/n35Y9MTn1x8" width="320" youtube-src-id="n35Y9MTn1x8"></iframe></div><br /> <p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-53904396626578519852022-02-28T17:16:00.000+00:002022-02-28T17:16:12.357+00:00Histórias com música, de Rogério Duarte<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg2ekfFRIvK7mr3_mCza9hHRcKMYgjkV-YKArxHHMwfZVaEPZViVSsPQiqbNCuVR7Dc9WIeGiwUh52E3GMlz6dvstJWUaxjS0YlrmpQVwHnG0P4Kz6LKoYbM_8rNgUv-9f3K-xYZfk02vNFNLJudvQHfAykM9f9ZG1E2lXeBIH8aQ9tLPPBuqPZZehg=s267" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="267" data-original-width="201" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg2ekfFRIvK7mr3_mCza9hHRcKMYgjkV-YKArxHHMwfZVaEPZViVSsPQiqbNCuVR7Dc9WIeGiwUh52E3GMlz6dvstJWUaxjS0YlrmpQVwHnG0P4Kz6LKoYbM_8rNgUv-9f3K-xYZfk02vNFNLJudvQHfAykM9f9ZG1E2lXeBIH8aQ9tLPPBuqPZZehg=w112-h149" width="112" /></a></div><br /> <p></p><p style="text-align: justify;"> Nem só de leitores adultos vivem as belas letras. Na esfera da literatura cabem igualmente os leitores de palmo e meio, sendo na multiplicidade da produção de textos que o património literário se constrói.</p><p style="text-align: justify;"> A partir de agora, o "Esta língua que me fez" passará a publicar a rubrica "Histórias com música", de Rogério Duarte, um professor radicado em São Pedro do Sul, que dedicou uma parte substancial da sua vida à escrita para crianças, contando já com várias obras publicadas.</p><p style="text-align: justify;"> Os seus livros estão agora disponíveis, em formato "contador de histórias", no canal do Youtube, pela voz do próprio autor, numa clara demonstração da arte de bem contar.</p><p style="text-align: justify;"> Espero que gostem! <br /></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-86828366545631544212021-12-05T22:42:00.000+00:002021-12-05T22:42:04.492+00:00Não digam “rúbrica”, por favor!<p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjNG54ZlXq5JcvUpE3Z-rQ7hxnUeaDgtfNa0TM9XO86SIsyWhAFSBnjoeoG8LZDhp0ii5ekaObmVpM3cDAtOXZx0Tdva04z3wKdO_s5MKJAKBHp7mzDPKa-JHPMbyAiViLOXX_gNkHL2jQXdk218agSUqMgcqIeS7DK_4vpDt2oH3q6yqAfSYKlA7MS=s205" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="184" data-original-width="205" height="184" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjNG54ZlXq5JcvUpE3Z-rQ7hxnUeaDgtfNa0TM9XO86SIsyWhAFSBnjoeoG8LZDhp0ii5ekaObmVpM3cDAtOXZx0Tdva04z3wKdO_s5MKJAKBHp7mzDPKa-JHPMbyAiViLOXX_gNkHL2jQXdk218agSUqMgcqIeS7DK_4vpDt2oH3q6yqAfSYKlA7MS" width="205" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="text-indent: 21.3pt;">Caros
leitores, se estiverem atentos à forma como, na conversação dial e também na
nossa comunicação social, é pronunciada, de forma reiterada, a palavra
“rubrica”, constatarão que esse vocábulo ocorre com a prolação </span><span style="text-indent: 21.3pt;">[‘</span><span style="text-indent: 21.3pt;">r̄</span><span style="text-indent: 21.3pt;">ubrik</span><span lang="EL" style="text-indent: 21.3pt;">α</span><span style="text-indent: 21.3pt;">], como se a tónica estivesse localizada na
primeira sílaba, ou seja: rú–bri-ca.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Ora, mandam as regras da prosódia
da língua portuguesa que a palavra em questão seja pronunciada com a tónica na
penúltima sílaba [</span><span style="mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">r̄</span><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">u’brik</span><span lang="EL" style="mso-ansi-language: EL; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">α</span><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">],
na medida em que se trata de uma palavra paroxítona.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Desenganem-se, por isso, todos
aqueles que defendem a coexistência das duas formas, alegando que “rúbrica” nos
remete para uma assinatura abreviada e “rubrica”, quando falamos de um assunto,
matéria, tópico, programa radiofónico ou televisivo. A palavra deve
pronunciar-se </span>com acentuação grave para todas as suas aceções, não
possuindo, na escrita, qualquer acento gráfico.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Já agora, deixo-vos aqui uma
pequena abordagem à história deste vocábulo tão maltratado nos nossos dias:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; tab-stops: 92.15pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Do latim </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">rubr</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">ĩ</span>ca, œ</i> (tinta vermelha), diretamente ligada
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ruber, rubra</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rubrum</i> <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">(vermelho), tinha como significado “argila vermelha”. O facto de
os livros ancestrais e os manuscritos medievos possuírem os seus títulos a cor
vermelha fez com que a sua designação passasse a ser conhecida como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">rubricas</i>. O mesmo sucede com a l</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">etra ou linha inicial de um capítulo em códices antigos;
as notas dos breviários ou missais; ou os títulos
dos capítulos de livros de direito… todos eles
escritos a tinta vermelha. Só muito mais tarde, a mesma palavra adquiriu o
alcance semântico de assinatura abreviada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; tab-stops: 92.15pt; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Esta foi a minha <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">rubrica</b> de
hoje.</span></p><p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-51995727191522621822021-09-03T17:08:00.000+01:002021-09-03T17:08:04.563+01:00Até sempre, Isabel da Nóbrega<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh06QAO8L9E8Uw0YPnGuurQ3YyFyicGcDcSnItqAfV3-JcnH2JnduC9et_D4t4ULxsN-_GfG3SDZvLF79u3fdKkQEdms_IxMH0yp7LV4gn3qEb_BWxe3uHUJKAyRryz7YeldwVchTkcFRE/s243/IsabelDaNobrega.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="243" data-original-width="192" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh06QAO8L9E8Uw0YPnGuurQ3YyFyicGcDcSnItqAfV3-JcnH2JnduC9et_D4t4ULxsN-_GfG3SDZvLF79u3fdKkQEdms_IxMH0yp7LV4gn3qEb_BWxe3uHUJKAyRryz7YeldwVchTkcFRE/s0/IsabelDaNobrega.png" width="192" /></a></div><br /><p></p><p><span style="background-color: white; font-family: arial; font-size: large; text-align: justify;"><br /></span></p><p><span style="background-color: white; font-family: arial; font-size: large; text-align: justify;">Uma vida
que se perde, um estro que perdura.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Celebremos
o mérito de mais um grande valor da nossa literatura. Maria Isabel Guerra
Bastos Gonçalves, assim chamada desde o nascimento, mas que, na esfera das
belas letras, se viria a afirmar sob o pseudónimo de Isabel da Nóbrega.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O talento, no
entanto, não se fez apenas valer na literatura. Com a escritora parte também
uma imagem de marca do jornalismo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Foram 96
anos de dedicação e afirmação feminina no panorama cultural do nosso país e do
mundo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Fica para sempre a
sua obra, o seu legado intelectual e a beleza irrepetível dos seus olhos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; line-height: 107%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Obrigado!</span></span></p><p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-82893232894897080762021-06-16T20:52:00.004+01:002021-06-16T21:00:04.536+01:00Linguagens inclusivas/neutras? Não, obrigado!<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw0Fh_fICt70JvEEZVKHK86ypeZAF5GFjoEBnlaxVOjMgNXw3BaWWln9nn1Fsc77-pbzda06LCswvbMf2y3o-so7MhWVDdOCqJPRkjiY-9iq9m9hoOC53NwFUEl0whaZKUvyrWYTjiNn0/s255/LinguagemNeutra.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="255" data-original-width="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw0Fh_fICt70JvEEZVKHK86ypeZAF5GFjoEBnlaxVOjMgNXw3BaWWln9nn1Fsc77-pbzda06LCswvbMf2y3o-so7MhWVDdOCqJPRkjiY-9iq9m9hoOC53NwFUEl0whaZKUvyrWYTjiNn0/s0/LinguagemNeutra.png" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> Antes de mais, quero deixar
claro que não sou daqueles que se batem pelo estaticismo da língua portuguesa,
mas também não me quero prevalecer do estereótipo falacioso de que a língua é
um organismo vivo. Ela só existe no uso que os seus utilizadores dela fazem e,
claro, só destes dependem as suas mutações lexicais que, uma vez consagradas no
seu uso, se perpetuam no tempo e merecem, no caso da Língua Portuguesa (LP), a
aceitação das duas instituições com maior autoridade lexicográfica: a Academia
das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras.</div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"> Sirvo-me desta nota introdutória
como mote de reflexão em torno das chamadas línguas inclusivas e neutras. E,
desde já, vinco a minha total discordância quer em relação a uma, quer em
relação a outra. Os modismos são o que são e valem o que valem. Vejamos,
primeiro, em que é que consiste cada um destes conceitos:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> 1 – Linguagem inclusiva (não sexista)<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"> Trata-se de uma suposta variante
que, não se propondo alterar o léxico da LP tal como o conhecemos, advoga uma
comunicação pretensamente não discriminatória, sob o ponto de vista do género. Vejamos
um exemplo muito recorrente: “Portugueses e portuguesas…”, quando um orador se
dirige a um público compósito (homens e mulheres);<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> 2 – Linguagem neutra (não binária)<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"> Prossegue os mesmos objetivos da
linguagem inclusiva, mas altera palavras já existentes ou introduz novos
vocábulos. É o caso da neutralização das desinências de género do pronome “todos”.
Vejamos um exemplo concreto: “Saiam tod<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">e</i></b>s da sala!” <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"> Na base destes dois tipos de <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">linguagem,
estão conhecidos movimentos feministas de todo o mundo, bem como organizações inclusivas
de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de género.
Desenganem-se todos aqueles que veem na eclosão destas linguagens meras
iniciativas efémeras. Não, estas linguagens estão a afirmar-se em todos os
cantos do planeta, nomeadamente na Europa. Tomemos como ilustrativo o recente
caso ocorrido em França, onde o respetivo poder político vetou o uso da chamada
gramática igualitária em documentos oficiais, com a devida concordância da
Academia Francesa que chegou mesmo a referir-se a esta tendência linguística
como “um perigo de morte para a francofonia”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> A flexão em género é uma característica do
nosso idioma, à imagem do que acontece, genericamente, com as restantes línguas
neolatinas. Sobre a origem desta flexão, nomeadamente da predominância do
género masculino em algumas palavras (outrora com desinência neutra), já me
pronunciei num artigo anterior, também aqui publicado. Alterar este <i style="mso-bidi-font-style: normal;">status quo</i> linguístico em nome da
igualdade de género não faz para mim o menor sentido. É urgente acabar com
aquilo que aqui rotulo como vanguardas fundamentalistas e que estas linguagens
acima explicitadas não passem de um mero processo de intenções. Imagine-se
termos agora que expandir os nossos dicionários com entradas de género regular:
gato/gata; menino/menina... NÃO, OBRIGADO!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> As sociedades ainda permanecem fieis à
sua matriz machista, é certo, mas não se remedeia um erro com outro erro. Não é
pelo facto de um político iniciar os seus discursos com expressões como
“portuguesas e portugueses” que se combate a discriminação de género. Haja
coragem para o fazer, mas sem se recorrer a adornos linguísticos estéreis ou a
quaisquer outros atavios infecundos.<o:p></o:p></span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-65117057505026745612021-02-14T19:39:00.004+00:002021-02-14T20:12:28.423+00:00"Cântico Negro" na voz de Sandra Coelho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dw8e-0WMIRd6bzb5SKMcu5w4nfCOaGZsrSZY7kYDnpeBOY2oFD92BMbKGzsbaj54xmKG_Sj0gppkwtGSpdZRw' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div><br /><div><br /></div><div style="text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 12pt;"> </span><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: medium;"> Já quase 100 anos nos separam (ou nos juntam) dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Poemas de Deus e do Diabo</i> da lavra de José
Régio. Deles trago aqui o Cântico Negro, o poema-manifesto que subsume em si todo
um estilo presencista que viria a marcar a obra poética deste escritor modernista,
uma pedra no charco que agita a cultura portuguesa, anémica e irresoluta, do
primeiro quartel do século XX.</span></div><span style="font-size: medium;"></span><div style="line-height: normal; margin-bottom: 0pt; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">
</div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: medium;"> O sujeito poético não quer ir por aí, porque por aí vão todos
os outros. Não estamos perante uma atitude isolacionista, mas antes de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ego</i> inconformado, uma ovelha tresmalhada
em rota de colisão um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alter</i>
seguidista.</span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: medium;"> </span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white;"> É nesta individualidade que o modernista se refugia e se
recusa a ser igual aos demais, resistindo ao chamamento de uma sociedade
apática e previsível. Um sujeito poético que opta; um eu que faz escolhas sem
interferências externas; que não teme as consequências das suas decisões, mesmo
que estas o conduzam ao fracasso e ao grotesco (</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif">amo os abismos, as
torrentes, os desertos...</span></i><span face=""Arial",sans-serif">)<span style="background: white;">; que abraça a novidade emergente de uma vida moderna,
instável e progressista, em rotura com o cheiro a mofo do conservadorismo: </span>a
sua vida <i style="mso-bidi-font-style: normal;">é um vendaval que se soltou, <span style="background: white;">uma onda que se alevantou, um átomo a mais que se
animou...</span></i></span></span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: medium;"> </span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> Mas o poeta também se mostra na sua dimensão
metafísica, característica que entalha a sua obra com uma religiosidade
indelével: </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif">Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!</span></i></span></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><em><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: medium; font-style: normal;"> </span></em></p><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: medium;"> P<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; display: inline; float: none; font-size: 16px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration: none; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">arabéns à Sandrinha pela forma brilhante como deu voz ao poeta!</span></span></span></span><br /></p><div>
<span face=""Arial",sans-serif"></span><span style="background-color: white;"></span></div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><em><span face=""Arial",sans-serif" style="font-style: normal;"><span style="font-family: Times New Roman;"></span> </span></em></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Vem por aqui" —
dizem-me alguns com os olhos doces<br />
Estendendo-me os braços, e seguros<br />
De que seria bom que eu os ouvisse<br />
Quando me dizem: "vem por aqui!"<br />
Eu olho-os com olhos lassos,<br />
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)<br />
E cruzo os braços,<br />
E nunca vou por ali...</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">A minha glória é esta:<br />
Criar desumanidades!<br />
Não acompanhar ninguém.<br />
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade<br />
Com que rasguei o ventre à minha mãe</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Não, não vou por aí! Só
vou por onde<br />
Me levam meus próprios passos...</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Se ao que busco saber
nenhum de vós responde<br />
Por que me repetis: "vem por aqui!"?</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"><br />
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,<br />
Redemoinhar aos ventos,<br />
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,<br />
A ir por aí...</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Se vim ao mundo, foi<br />
Só para desflorar florestas virgens,<br />
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!<br />
O mais que faço não vale nada.</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Como, pois, sereis vós<br />
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem<br />
Para eu derrubar os meus obstáculos?...<br />
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,<br />
E vós amais o que é fácil!<br />
Eu amo o Longe e a Miragem,<br />
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Ide! Tendes estradas,<br />
Tendes jardins, tendes canteiros,<br />
Tendes pátria, tendes tetos,<br />
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...<br />
Eu tenho a minha Loucura!<br />
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,<br />
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...<br />
<br />
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!<br />
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;<br />
Mas eu, que nunca principio nem acabo,<br />
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.</span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"> </span></i></p><div>
</div><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;">Ah, que ninguém me dê
piedosas intenções,<br />
Ninguém me peça definições!<br />
Ninguém me diga: "vem por aqui"!<br />
A minha vida é um vendaval que se soltou,</span></i></p><div>
</div><p style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 9pt;">É uma onda que se alevantou,</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 9pt;"><br />
<span style="background: white;">É um átomo a mais que se animou...</span><br />
<span style="background: white;">Não sei por onde vou,</span><br />
<span style="background: white;">Não sei para onde vou</span><br />
<span style="background: white;">Sei que não vou por aí!</span></span></i><br /></p>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-31610982901988792012021-01-03T19:07:00.004+00:002021-01-03T19:09:49.522+00:00Um brinde à memória de Torga<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3yzPkvLSgZa66wMgf1Xiu2CRMx1bqLYefod1ayZRy0ue8FkQZpJCPnNc9UgHeU3swS3y-OkCqTvGVET7A2IYkw-gf6WUfrSVBHNJnxHuFj5IMngp9Y9giXmioBxieOXN5I01Az9iwYBQ/s354/Torga_Suplica.PNG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="272" data-original-width="354" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3yzPkvLSgZa66wMgf1Xiu2CRMx1bqLYefod1ayZRy0ue8FkQZpJCPnNc9UgHeU3swS3y-OkCqTvGVET7A2IYkw-gf6WUfrSVBHNJnxHuFj5IMngp9Y9giXmioBxieOXN5I01Az9iwYBQ/s320/Torga_Suplica.PNG" width="320" /></a></div><br /><div>
</div><p style="line-height: 150%; margin-bottom: 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif"> Hoje lembrei-me de Torga. Como
durienses que somos, gostamos de fruto da videira e do trabalho do homem. Eu gosto,
ele, provavelmente.</span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="line-height: 150%; margin-bottom: 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif"> Peguei num dos seus livros e
abri uma garrafa de vinho da nossa zona. Coloquei dois copos sobre a mesa e
fiz o ofertório: um para mim e outro para ele. A ideia era ir bebendo enquanto
lia. Beber um copo no final de cada poema. O dele manteve-se cheio, o meu, nem
por isso.</span></p><div style="text-align: justify;">
</div><p style="line-height: 150%; margin-bottom: 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif"> Guardei o fundo da garrafa para este:<span style="background: white; color: black;"></span></span></p><div>
</div><p style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: rgb(255, 255, 204);"> </span></p><div>
</div><p style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""Arial",sans-serif">Súplica</span></b><br /></p><div>
</div><p style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: arial;">Agora que o silêncio é um
mar sem ondas,<br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">E que nele posso navegar sem rumo,</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Não respondas às urgentes perguntas</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Que te fiz.</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Deixa-me ser feliz</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Assim,</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Já tão longe de ti como de mim.</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Perde-se a vida a desejá-la tanto.</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Só soubemos sofrer,</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">enquanto O nosso amor Durou.</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Mas o tempo passou,</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Há calmaria...</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Não perturbes a paz que me foi dada.</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Ouvir de novo a tua voz seria</span><br style="-webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; word-spacing: 0px;" />
<span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; word-spacing: 0px;">Matar a sede com água salgada</span></span></p><div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><span style="font-family: arial;"></span><br /></div><div><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /><b></b></div>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-2078403813596012842020-11-29T21:06:00.004+00:002021-02-17T15:59:03.575+00:00“O COVID-19” ou “a COVID-19”?
<p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif3GpqKv1-EVNkRTDLCy53O0nq-4KGhcXNhT95U7zE5DlfX-wmx_aE9bj-fmmQfVErfSj5uOFMJEayR5_HwJyMsR2xxj2-_cPomaKuL0Qv6u5p2RQ6o2bJDlz0ACjXctQY4ByL1AFoisA/s352/A_covid_O_covid.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="180" data-original-width="352" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif3GpqKv1-EVNkRTDLCy53O0nq-4KGhcXNhT95U7zE5DlfX-wmx_aE9bj-fmmQfVErfSj5uOFMJEayR5_HwJyMsR2xxj2-_cPomaKuL0Qv6u5p2RQ6o2bJDlz0ACjXctQY4ByL1AFoisA/s320/A_covid_O_covid.png" width="320" /></a></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 11pt;"><br /></span><p></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 11pt;"> Além dos problemas de saúde
pública, a atual pandemia trouxe consigo um conjunto de palavras novas que,
rapidamente, entraram no vocabulário ativo de cada um de nós. É o caso concreto
do acrónimo “COVID-19”, ouvido e lido diariamente por todos nós. Mas palavras
novas levantam dúvidas novas.</span></p><div style="text-align: justify;">
<br /></div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 11pt;"> Vejamos, a título de exemplo,
dois excertos de diplomas legais procedidos de dois ministérios governamentais
diferentes:</span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 11pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 10pt;"> […] "encerramento de
instalações por perigo de contágio <u>pela</u> COVID-19"</span> […]</p><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"> (Despacho
n.º 5897-B/2020, Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social)</p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 10pt;"> […] "máscaras destinadas à
utilização no âmbito da pandemia <u>do</u> COVID-19"</span> […]</p><p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"> (Despacho n.º
5900/2020, Ministério do Estado, Economia e Transição Digital)<span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt;"></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;"> Estes dois fragmentos revelam claras oscilações
relativas ao género da palavra. O primeiro atribui-lhe o género feminino e o
segundo, o género masculino. Em que ficamos, afinal?</span></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;"> O acrónimo COVID-19 provém da expressão inglesa
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">coronavirus disease</i>. Ele forma-se nas
sílabas truncadas <strong><span face=""Arial",sans-serif" style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">CO</span></strong>- e <strong><span face=""Arial",sans-serif" style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">VI</span></strong>-, obtidas do vocábulo <em><u><span face=""Arial",sans-serif">co</span></u></em><em><span face=""Arial",sans-serif">rona<u>ví</u>rus</span></em><em><span face=""Arial",sans-serif" style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">.</span></em><em><span face=""Arial",sans-serif"> </span></em>A
estas, junta-se a inicial “D” da palavra <em><u><span face=""Arial",sans-serif">d</span></u></em><em><span face=""Arial",sans-serif">isease</span></em> («doença»). O número
19 refere o ano em que o vírus foi detetado.</span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;"> As variações de género atribuídas ao acrónimo
resultam duma inegável confusão entre a doença e o vírus que a provoca.
COVID-19 é uma doença (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">desease</i>) e o
coronavírus, um agente causador. Aliás, na persistência da dúvida, façamos uma
analogia com os acrónimos SIDA (<span style="mso-bidi-font-style: italic;">síndrome
da imunodeficiência adquirida</span><span style="background: white;">) </span>e VIH
(<span style="background: white;">vírus da imunodeficiência humana</span>). No
primeiro, a palavra “síndrome” transfere o seu género feminino para SIDA (uma
doença); no segundo, o vocábulo “vírus” empresta o mesmo género a VIH (agente
responsável pela doença).</span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; font-size: 11pt;"> No entanto, importa salva</span><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;">guardar aqui o
princípio da adaptação dos acrónimos com origem estrangeira, ao abrigo do qual
se legitima qualquer género já vulgarizado, ainda que contraditório com a
gramaticalidade da língua original.</span></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt;"> Já agora, aproveito para <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">clarificar a pronúncia da palavra “coronavírus”
no português europeu</span>. O “o”, inserto na primeira sílaba “co”, é
proferido como se de um “u” se tratasse, assumindo toda a palavra a prolação “curônavírus”:
<span style="background: rgb(250, 250, 250);">[kuronɐˈviruʃ].</span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: rgb(250, 250, 250); font-size: 11pt;"> </span></p>
<p style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: rgb(250, 250, 250); font-size: 11pt;"> Use-se masculino ou
feminino; diga-se [kuronɐˈviruʃ] ou [koronɐˈviruʃ], o mais importante, para já,
é protegerem-se e protegerem os outros.</span></p><div style="text-align: justify;">
<span face=""Arial",sans-serif" style="background: rgb(250, 250, 250); font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">Coloquem a máscara!</span></div>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-19196326087085790072020-01-21T15:05:00.002+00:002020-01-21T15:05:22.093+00:00Orçamento de Estado ou do Estado<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK312ACnNjALAxIaeacM8YiU-yPXeiAZRW8K3BQPxnNAGkBkQgZWNhHtJZrSKlwifZIu86W5tt6jRCD0VC6gd30vokzay9QFrUy3pFy9ej_8Sfqe62Ay9InU1SneBJXjU_onauQqKACyU/s1600/OrcamentoDoEstado.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="153" data-original-width="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK312ACnNjALAxIaeacM8YiU-yPXeiAZRW8K3BQPxnNAGkBkQgZWNhHtJZrSKlwifZIu86W5tt6jRCD0VC6gd30vokzay9QFrUy3pFy9ej_8Sfqe62Ay9InU1SneBJXjU_onauQqKACyU/s1600/OrcamentoDoEstado.png" /></a></div>
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial;">Um dos grandes problemas do mau uso das línguas
naturais consiste na aceitação coletiva de palavras ou expressões erradas e que
proliferam de boca em boca com um aparente rigor linguístico. Consagra-se-lhes
o seu “bom uso” de ânimo leve tal como aquelas mentiras que, de tantas vezes
serem ditas, se transformam em verdades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial;">Não pretendo com isto afirmar que a ocorrência de
tais fenómenos constitua algum crime de lesa língua. Move-me tão só o ímpeto de
vindicar uma atitude mais crítica por parte de quem acha que faz bom uso da
língua portuguesa, principalmente os órgãos de comunicação social, agentes
essenciais na promoção e preservação do nosso idioma.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-font-kerning: 18.0pt;">Vejamos duas situações concretas:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0.1pt 42.5pt 0.1pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-font-kerning: 18.0pt;">(1) “Qual o ponto de situação
do 5G em Portugal?”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>In <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jornal de Negócios</i>, 2 de
maio de 2019</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(2) “O Orçamento de Estado para 2020 prevê uma redução de
2,7 pontos percentuais no peso</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>da dívida pública no PIB...”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 42.5pt 0.0001pt 35.45pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>In <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jornal Exp</i>resso, 16 de
dezembro de 2019</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial;">Tanto num caso (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ponto
de situação</i>) como noutro (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">orçamento
de estado</i>), o uso da preposição deveria ocorrer na sua forma contraída com
os respetivos determinantes artigos de definidos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">da</i>, em (1), e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">do</i>, em (2).
Não havendo a referida contração, direi que estamos na presença de dois
conceitos e não de duas realidades concretas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial;">Querendo os jornalistas referir-se, em (1), à
situação em que se encontra a introdução da nova geração de tecnologia móvel no
nosso país, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">de</i> deveria ser
substituído por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">da</i>. E mesmo pode ser
dito em (2), onde o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">do</i> faria o
verdadeiro sentido, uma vez que não nos estamos a referir a um documento
conceptual, mas tão só ao orçamento do nosso Estado, enquanto conjunto das
instituições que controlam e administram a nossa Nação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Arial;">Agora, vou ler o orçamento do Estado para 2020 e tentar
perceber se há boas notícias para o futuro próximo.</span></div>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Arial;
panose-1:2 11 6 4 2 2 2 2 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Cambria;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:42.55pt 42.15pt 35.45pt 42.55pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style><br />
<br />
Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-10951462489688416642019-12-12T16:29:00.001+00:002019-12-12T16:29:45.246+00:00SER SIMPÁTICO OU EMPÁTICO? EIS A QUESTÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDl4MbNq-XBHHNB4QGHk667CrvUEdNaiNRN_NJatLIdF5SdnNU1TvLdvRoEcuFBJaWIUP_90te8_6lg7XJ1Sb6BG484pe8RtIQoUAws6dlU4cdf9VWR6hZqQ0xm_OWLWYty6-PrXHIvX0/s1600/SimpatiaEmpatia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="639" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDl4MbNq-XBHHNB4QGHk667CrvUEdNaiNRN_NJatLIdF5SdnNU1TvLdvRoEcuFBJaWIUP_90te8_6lg7XJ1Sb6BG484pe8RtIQoUAws6dlU4cdf9VWR6hZqQ0xm_OWLWYty6-PrXHIvX0/s320/SimpatiaEmpatia.png" width="320" /></a></div>
<br />
<a name='more'></a>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
É frequente assistirmos ao uso indiscriminado destes dois
vocábulos nos seus mais diversos contextos, como se eles fossem sinónimos ou,
pior, como se a diferença entre eles resultasse de uma maior expressividade de
um sobre o outro. Não, a diferença entre eles não é meramente expressional,
muito menos de coincidência sémica. </div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Aliás, a própria origem etimológica de cada uma deles já nos
ajuda a perceber a suas individualidades conceptuais:</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Simpatia</b>: do grego
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">sin</i> (junto de) + <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pathos</i> (sentimento/sofrimento);</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Empático</b>: também
do grego <em>in</em> (para dentro) + <em>pathos</em> (sentimento/sofrimento).</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Aquele que é simpático com alguém revela-se atencioso na sua
alteridade e comunica ao outro que este não lhe é indiferente. No entanto, o
empático vai mais além do que um mero sorriso e uma pancadinha nas costas. Este
mostra-se voluntariamente solidário e possui o mérito de entrar no sofrimento
do outro, conhecer-lhe os problemas e as ansiedades com que se debate. Para
isso, convoca a capacidade de se ausentar momentaneamente de si e “invadir” a
dimensão interior do alter, preocupando-se com ele, cuidando dele.</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A simpatia mobiliza sentimentos como o companheirismo, a
camaradagem ou a “amizade”; a empatia é a consequência de um sentir profundo,
de uma preocupação autêntica, de uma comunhão emocional, de uma afinidade... numa
palavra, do AMOR. Essa coisa de forte polissemia que subsume, no dizer de
Voltaire, um número quase incontável de sentimentos naturais e que tudo
resolve.</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A este propósito, permito-me evocar o verso final da Divina
Comédia onde Dante <span style="color: black;">Alighieri versifica:<span style="background: #F9F9F9;"> </span><i><span style="background: white;">l'amor che
move il sole e l'altre stelle; </span></i><span style="background: white; mso-bidi-font-style: italic;">e as não menos sublimes redondilhas de Luís de
Camões que num dos seus versos assim diz:</span></span><span style="background: white; mso-bidi-font-style: italic;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white;">bem vês que por amor</span></i><span style="background: white;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">se move tudo</i>.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="background: white;">O simpático encontra uma
pessoa na rua e pergunta-lhe:</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 53.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span style="mso-list: Ignore;">—<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span><span style="background: white;">Olá, como estás? E segue o seu caminho.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white;">O empático faz a mesma pergunta, mas espera pela
resposta.</span></div>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Courier New";
panose-1:2 7 3 9 2 2 5 2 4 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Wingdings;
panose-1:5 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:2;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:0 0 65536 0 -2147483648 0;}
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin-top:0cm;
margin-right:0cm;
margin-bottom:8.0pt;
margin-left:0cm;
line-height:107%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-language:EN-US;}
em
{mso-style-parent:"";
mso-bidi-font-style:italic;}
p
{mso-margin-top-alt:auto;
margin-right:0cm;
mso-margin-bottom-alt:auto;
margin-left:0cm;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-language:PT;}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:42.55pt 56.65pt 42.55pt 2.0cm;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
/* List Definitions */
@list l0
{mso-list-id:913050487;
mso-list-type:hybrid;
mso-list-template-ids:-2076256516 1107567276 67698691 67698693 67698689 67698691 67698693 67698689 67698691 67698693;}
@list l0:level1
{mso-level-start-at:10;
mso-level-number-format:bullet;
mso-level-text:—;
mso-level-tab-stop:none;
mso-level-number-position:left;
margin-left:53.45pt;
text-indent:-18.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";}
ol
{margin-bottom:0cm;}
ul
{margin-bottom:0cm;}
-->
</style>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-10557452255285511302019-08-24T23:33:00.001+01:002019-08-24T23:33:57.106+01:00Haja quem cuide da nossa Língua!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5-C6Uo2E9_1sv4cIb9YzxhGO_ajy22t5DvITnyp1bjxPq1hgaNBACU7p5sbxm_KyG5mBd1HS37Ww5p9WVu2KgB_G8wOwkkm0UQh7URfaDGdp-TAbDG2_GWn5uvzktvcr-zneVcSqfZOg/s1600/Turistas.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="390" data-original-width="501" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5-C6Uo2E9_1sv4cIb9YzxhGO_ajy22t5DvITnyp1bjxPq1hgaNBACU7p5sbxm_KyG5mBd1HS37Ww5p9WVu2KgB_G8wOwkkm0UQh7URfaDGdp-TAbDG2_GWn5uvzktvcr-zneVcSqfZOg/s200/Turistas.PNG" width="200" /></a></div>
<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A dado momento, um casal português que viajava comigo por terras gaulesas
abre o roteiro turístico que trazia consigo. Pela terceira vez consecutiva, a
mulher volta a indignar-se com o que vê e insiste:</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">— Mas por que raio é que nada vem em português?!</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Lá vinham novamente as quatro línguas habituais: francês, inglês, espanhol
e alemão.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O marido bradava ao vento, alegando que aquilo era um insulto à nossa
língua, a quinta mais falada em todo o mundo.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">— Ó Quim, lá estás tu! Não é a quinta, é a sexta língua com mais falantes.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">— Já discutimos sobre isso. É a quinta!</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">— É a sexta!</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">— É a quinta!</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">...</span></div>
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 18.0pt;">Bom, a quinta ou
a sexta… tanto faz. O importante aqui é perceber que a culpa não recai sobre
quem fez o dito roteiro; ou a carta de sobremesas da taberna <i>La Kahena</i>;
ou diário de bordo do paquete…</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 18.0pt;">A culpa é
exclusivamente NOSSA, DOS PORTUGUESES.<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"></span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 18.0pt;">Portugal nunca
teve políticos que olhassem a nossa língua de forma séria. Nunca houve uma
política do idioma credível. Diria mais, nunca houve nenhuma.<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"></span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 18.0pt;">Tomemos como exemplo o </span><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-font-kerning: 18.0pt;">Instituto
Internacional da Língua Portuguesa e a </span><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%;">CPLP, duas instituições impulsionadas não pelo governo português, mas pelo executivo brasileiro, era José
Sarney o seu presidente. Organismos, diga-se, que se tornaram inertes, sob o
olhar desatento de Portugal.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%;">Também a diluente Academia de
Lisboa, que é de Ciências, a contrastar com a Academia Brasileira, que é de
Letras.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%;">E que dizer dos nossos leitorados
espalhados pelas universidades do mundo e que veem a sua intervenção
condicionada pelo desinvestimento e desmerecimento dos sucessivos governos do
nosso país?</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%;">Por que não seguir o exemplo de
Espanha, que alguma coisa fez para que a hispanofonia se consolidasse</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> fora de portas, tornando, por exemplo, o espanhol numa língua de oferta
obrigatória nas escolas de países onde ela não é falada, como é o caso do
Brasil?</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mas não! Nós, portugueses, preferimos andar entretidos a falar do novo
acordo ortográfico, promovendo uma beligerância estéril e inútil entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">acordistas</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">não acordistas,</i> para deixar a malta entretida a discutir a qualidade
de um tijolo quando a parede está toda torta. Como adoramos nós encher
chouriços!</span></b></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E depois lá vem o Quim e a mulher
lamentar o desprezo dos estrangeiros pela nossa língua.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 130%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;">
<span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">ENFIM!</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 130%;"></span></div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-40424254454894974652019-06-07T11:52:00.001+01:002019-06-07T11:53:15.835+01:00VER O ECLIPSE LUNAR AO VIVO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh4JGtVE1BAKX3YqEsF03hmwr3XycoTm380M1CIrzRjjBCts54x2BU-gFI7j0eJ6wOZI8UbmMiZKaWReboSK-ehz3gMzXCKh57GrGMXTLmyFIyh1MU4y9ZAg0XI4KVXtT-aYCEz5T2I4c/s1600/Lua.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="181" data-original-width="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh4JGtVE1BAKX3YqEsF03hmwr3XycoTm380M1CIrzRjjBCts54x2BU-gFI7j0eJ6wOZI8UbmMiZKaWReboSK-ehz3gMzXCKh57GrGMXTLmyFIyh1MU4y9ZAg0XI4KVXtT-aYCEz5T2I4c/s1600/Lua.png" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin-bottom: .1pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: .1pt; mso-outline-level: 1; mso-para-margin-bottom: .01gd; mso-para-margin-left: 0cm; mso-para-margin-right: 0cm; mso-para-margin-top: .01gd; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
</div>
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri"; line-height: 130%;"> No passado dia 21 de
janeiro, Portugal passou a noite de olhos postos no céu, na esperança de presenciar
um raro espetáculo celestial. A Lua estava prestes a perder o seu lugar ao sol,
fundindo-se momentaneamente com o breu do firmamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri"; line-height: 130%;"> Muitos foram os
órgãos de comunicação social que não quiseram perder a oportunidade de noticiar
o fenómeno mais ou menos nestes termos:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman"; line-height: 130%;">Veja o eclipse lunar total ao vivo</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri"; line-height: 130%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Logo me questionei se seria
correto utilizar a expressão “ao vivo” neste caso concreto, não sendo a Lua um
ser vivente. Deixei essa preocupação de lado e procurei um lugar sossegado e
suficientemente penumbroso para poder assistir ao “abuso” da Terra sobre a Lua.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 130%; margin: 0.1pt 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri"; font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"></span> No
dia seguinte, e porque a referida expressão não me saída da cabeça, procurei
saber o que dizem as vozes de autoridade sobre este tipo de dúvidas, desde logo
em três dicionários de referência: António Houaiss, José Pedro Machado e
Academia das Ciências de Lisboa. Os três convergem na definição de “ao vivo” quando
traçam o seu quadro semântico, remetendo-o para um fenómeno imediato, não
ficcionado ou em tempo real. Mais deixam transparecer que, normalmente, o uso
da expressão está associado a seres humanos. Mas, apesar da consagração desse
uso a seres racionais, aceita-se a metáfora veiculada na notícia como forma de
sublinhar o valor e a beleza decorrentes da observação direta do eclipse sem
recurso aos meios audiovisuais.</span></div>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Cambria;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page Section1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style><br />
<br />
<br />Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-19731902841205099442019-06-06T17:05:00.007+01:002019-06-06T17:05:57.238+01:00Mais um adeus
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC0CbXLpmApBa25gRAT05kePAckGhTGLnV-wqg59rs5GjwLrDtbq2Wiq8zMbtBnLT2x8-g4iT8iSVQ-N31wnRwiUpGfwoPPDqrFdgafwq_hQt6zZqf5XGzEIQzwImj6YL08h0QTLhNDLE/s1600/Agustina.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="136" data-original-width="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC0CbXLpmApBa25gRAT05kePAckGhTGLnV-wqg59rs5GjwLrDtbq2Wiq8zMbtBnLT2x8-g4iT8iSVQ-N31wnRwiUpGfwoPPDqrFdgafwq_hQt6zZqf5XGzEIQzwImj6YL08h0QTLhNDLE/s1600/Agustina.png" /></a></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 8.0pt; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-hansi-theme-font: major-latin;">https://observador.pt/</span></i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br /><a name='more'></a><!--more-->
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">As contas de subtrair operadas sobre a nossa
literatura continuam a fazer estragos. Recentemente, levaram-nos Herberto
Helder e, agora, Agustina Bessa-Luís.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Felizmente, fica o talento e esse não
morrerá:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">[...] Eis Germa, que, embalando-se na velha <em><span style="font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">rocking-chair</span></em>, pensa e pressente, sabendo-se actual
relicário desse terrível, extenuante legado de aspiração humana. Nas suas
veias, estão todos os infinitos estados do passado, no seu cérebro
condensaram-se muitas e muitas experiências que não viveu, as negações e
afirmações ocupam vastos espaços da sua alma. Ela move-se ritmicamente
baloiçando-se naquela sala onde se recolhem em pilhas as maçãs; todo o ar
rescende a maçã que suga da própria pele a frescura e dela dessangra o suco que
acrescentará a reserva da polpa viva, ainda por todo o Inverno. [...]</span></div>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Cambria;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page Section1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style><br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Cambria;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page Section1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-54284572209095939142019-03-21T23:32:00.002+00:002019-03-21T23:32:38.528+00:00ALGUÉM TERÁ DE DAR AS AMÊNDOAS AO OLEÃO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAB_IIyvas6fXz9TupdhWDvyEUDPfmMzvSY62M98YAT2yzObnHTteyTsju1hQdBWUiUbPojFRTklsBQxKsoqM9h1nAJnDOH6E5tSlm47xyaky0qKQ_47bKqhjStVYh92KhEBaMUd2IQkc/s1600/Oleao.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="590" data-original-width="462" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAB_IIyvas6fXz9TupdhWDvyEUDPfmMzvSY62M98YAT2yzObnHTteyTsju1hQdBWUiUbPojFRTklsBQxKsoqM9h1nAJnDOH6E5tSlm47xyaky0qKQ_47bKqhjStVYh92KhEBaMUd2IQkc/s320/Oleao.png" width="250" /></a></div>
<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Tinha acabado de sair de uma
reunião cansativa e preparava-me para tomar um chá relaxante no Café Central da
pacata vila de Vouzela. Resolvi fazer o pequeno percurso a pé… quem sabe, a
caminhada não me abriria também o apetite para o famoso pastelinho.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Andar a pé tem vantagens que não
se esgotam apenas no “desenferrujante” exercício físico. Permite-nos poisar o
olhar aqui e ali e observar pormenores que, de outra forma, nos escapariam naturalmente:
uma senhora idosa que falava sozinha pela rua; um moleque apeado que praguejava
com uma bicicleta empenada; um homem de meia-idade que exibia, com orgulho, o
seu farto e bem aparado bigode; um velho cão desdentado que farejava as fezes
de um outro que por ali passara; um condutor irritado com alguém sem pressa
sobre uma passadeira de peões… de tudo um pouco.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Reparei então num equipamento de
recolha de óleos alimentares domésticos, estrategicamente colocado na rua
Ribeiro Cardoso. Louvei a iniciativa para “os meus botões”! As preocupações
ambientais são sempre bem-vindas e o objeto até que se impunha impecavelmente na
estética. Mas foram também “os meus botões” que me alertaram para uma palavra
inscrita no dito: ÓLEÃO, de seu nome.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Óleão?!</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Deitei a mão ao meu telemóvel e
tirei a inevitável fotografia.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Mas que raio fazia ali aquele
acento agudo?! Trata-se de um neologismo, é certo, mas isso nada justifica.
Criar um consolidar uma nova palavra é um ato perfeitamente legítimo, mas isso
não isenta quem o cria de cumprir as regras do idioma. E os neologismos devem
respeitar os processos que já existem na língua que os acolhe. Ao que julgo
saber e por analogia com o termo “vidrão”, por exemplo, aquela palavra é
oxítona (acentuada na última sílaba), pelo que o acento agudo ali colocado
desvirtua a pronúncia correta do nome do coitado.</span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Mas pronto, desde que os
vouzelenses lhe façam bom uso, a malta até se esquece do resto.</span></div>
Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-46809346473621918202018-12-07T00:10:00.002+00:002018-12-07T00:10:11.530+00:00É “agachamento de pernas afastadas”, ouviste, menino?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYabF0MekNnqebNGL4YbZoDlADHHC44uW86dCtlsYtQGaeHbTdNbX5uCrOwXdnoc6E-abLnreRfktdRGIYtVwP_7wsX_8U1SQAJy2YaefIzmgLM1P75pazcr4r-qdZnHK100NbB7zBi5w/s1600/DePernasAfastadas.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="244" data-original-width="235" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYabF0MekNnqebNGL4YbZoDlADHHC44uW86dCtlsYtQGaeHbTdNbX5uCrOwXdnoc6E-abLnreRfktdRGIYtVwP_7wsX_8U1SQAJy2YaefIzmgLM1P75pazcr4r-qdZnHK100NbB7zBi5w/s200/DePernasAfastadas.JPG" width="192" /></a></div>
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;"> Há uns anos, numa das muitas
escolas por onde passei, estava eu a preparar-me para gozar o descanso fugidiço
de um intervalo da manhã, quando um aluno veio ter comigo e me colocou uma questão
que despoletou o seguinte diálogo entre nós:</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Ó Stôr, o meu
Stôr de Educação Física repreendeu-me por eu ter dito que tinha feito 50
agachamentos de pernas abertas no espaço de 1 minuto. Acha bem?</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Mas porquê? Achou
pouco?</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Não, não é isso!
O que ele me disse é que essa coisa “de pernas abertas” não está correto. O
Stôr é de Português e deve saber destas cenas, certo?</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Bom, de </span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; margin: 0px;">cenas</span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> pouco sei, pelo menos dessas.
Mas qual foi mesmo a justificação que ele te deu?</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Disse-me que isso
é um disparate, pois ninguém abre as pernas com uma faca para poder fazer
agachamentos. Estes, segundo ele, são feitos “de pernas afastadas”.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Olha, rapaz, faz
aquilo que ele te diz. Continua a fazer os teus agachamentos e não compliques.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;"> Com este comentário, dei por
terminada a nossa prosa e recolhi à sala de professores.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;">É verdade que deveria ter
prolongado a conversa e não deixar o aluno sem resposta. Mas estava cansado e ainda
tinha umas fotocópias para levantar na reprografia. Além disso, o que teria
para lhe dizer exigia algum tempo, coisa que não tinha.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;"> De facto, parece-me adequado o comentário
do então meu colega de Educação Física. O que não achei correta foi a
justificação que apresentou ao aluno. Não é por essa expressão significar um
corte nas pernas que faz dela um disparate linguístico. Se assim fosse, estaria
igualmente errada a expressão “receber alguém de braços abertos”, tão vulgarizada
na nossa língua. “Pernas abertas” foi banida da terminologia do desporto tão só
porque configura um caso evidente de </span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; margin: 0px;">tabu linguístico</span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;">.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-style: normal; margin: 0px;"> Sim, este fenómeno existe e está
mais impregnado na nossa língua do que aquilo que possamos pensar. Sempre que
uma palavra ou expressão nos remete para planos de significação menos pudorosos,
tendemos a substituí-la por outra que não fira o ouvido mais sensível. Veja-se
o caso da palavra “bicha” (com sentido de fileira de pessoas) que, pelos mesmos
motivos, foi preterida em favor de “fila”. Neste caso, perdeu-se uma linda
metáfora, mas ganhou-se no pudor. Lembro ainda aqui a expressão “tens de te
haver comigo” em substituição de “tens de te avir comigo” que, não fosse a
força exercida pelo referido tabu, colocaria sob embaraço todo aquele que,
falando com alguém do sexo oposto, enunciasse uma coisa deste género:</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; margin: 0px;"> — Desta não te
escapas! Hoje à noite, tens de te avir comigo.</span></em></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; line-height: 107%; margin: 0px;"> Bom,
acho que vou agora fazer alguns agachamentos, mas, à cautela, </span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 107%; margin: 0px;">de pernas juntas</span></em><em><span style="color: #212121; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11pt; font-style: normal; line-height: 107%; margin: 0px;">.</span></em><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike>Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-33780486580275486422018-06-30T10:50:00.004+01:002022-06-21T16:29:45.912+01:00VS. Vasco Santos<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="color: #843c0c; font-size: 16pt; line-height: 150%; margin: 0px;">Uma investida de qualidade contra</span></b><br />
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="color: #843c0c; font-size: 16pt; line-height: 150%; margin: 0px;"> a cultura balofa do escaparete lojista</span></b></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSy3gUcDlmoApehzi98i-tm6ydcKXvKTN2585S7xhBMwewMt-3-kxGUWxujDSo03J_XedHOSADLflIFScvIW_zdtODQkqV4bp259vlL0dx4amH3Je9Orelu7H1TzeTMzFahOXawlJ10ak/s1600/VS2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSy3gUcDlmoApehzi98i-tm6ydcKXvKTN2585S7xhBMwewMt-3-kxGUWxujDSo03J_XedHOSADLflIFScvIW_zdtODQkqV4bp259vlL0dx4amH3Je9Orelu7H1TzeTMzFahOXawlJ10ak/s1600/VS2.png" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtYyuNdWKg3qa7y2WE7L2LZ3mnj6_uWnvpPgQZfBzG1UVnFrcUi4XjalXZVEDTCpKzwuhRwa1o8cP9YAVanbZJUD3JMz1gdO_FBrWx9TdWUtO69pTp2P50jyyhViSggJQvQFXPvcNiAwg/s1600/VS1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtYyuNdWKg3qa7y2WE7L2LZ3mnj6_uWnvpPgQZfBzG1UVnFrcUi4XjalXZVEDTCpKzwuhRwa1o8cP9YAVanbZJUD3JMz1gdO_FBrWx9TdWUtO69pTp2P50jyyhViSggJQvQFXPvcNiAwg/s1600/VS1.png" /></a></div>
<div style="line-height: 150%; margin: 0px;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"></span></div>
<a name='more'></a><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"><br /></span>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"> <span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif">O homem não tem papas na língua e o princípio do "politicamente correto" é coisa que não lhe assiste.</span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"><span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif"> Proeminente psicanalista português (do melhor que há,
ao que julgo saber), com uma vocação editorial que lhe satura as veias, Vasco
Santos cedo dedicou parte substancial da sua vida ao combate à leitura de
consumo fácil, mesmo ciente de que é essa que vende.</span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"><span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif"> O antigo editor da Fenda que, como o próprio disse: «quero
morrer a editar», abre-nos agora as portas da VS., alertando que se recusa a
publicar a metro para enfarta-brutos. Sim, esses que usam comprar um livro para
férias, para uma leitura de toalha de praia e sobre o qual dizem aos amigos que
se lê bem e que não conseguem parar senão na última página (achando, com isso,
estar a abonar em favor do objeto lido); sim, esses que acham que um bom livro
é aquele que conta uma boa história; sim, esses que leem de forma sôfrega, sem grandes
exigências académicas e intelectuais; sim, esses, esses que nunca comprarão um
livro na VS.</span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"><span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif"> Uma editora que publicará com um elevado grau de
exigência, prestando, a meu ver, uma espécie de serviço público a bem da
cultura e do conhecimento. Daí que me sinta impelido a afirmar que a editora está
talhada não para CLIENTES, mas para UTENTES do saber. </span></span></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%; margin: 0px;"><span face=""arial" , "helvetica" , sans-serif"> Eu, que tenho a noção do trabalho que dá a leitura de
um Livro de jeito, já tenho comigo as duas primeiras edições da VS.:</span></span></div>
<br />
<h3 style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: left;">
- A nossa necessidade de consolo é impossível de
satisfazer,</h3>
<h3 style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: left;">
de Stig DAGERMAN (já lido);</h3>
<h3 style="line-height: 150%; margin: 0px; text-align: left;">
- Aforismos, de Karl KRAUS (a ler, sem pressas).</h3>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 107%; margin: 0px;"> Dr. Vasco Santos, vá por aí que o caminho é
fecundo. E se um dia tiver que fazer a tal Curva da Estrada, que tenha o tal
livro no prelo que, por cá, haverá quem o leia, seguramente.</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></div>
Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4083333065362852125.post-66546073173829475072018-06-26T23:10:00.001+01:002018-06-26T23:10:06.055+01:00Língua-de-trapos 6<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"><b><span style="color: #3d85c6;">Parafrasear não é citar. Chega de confusão!</span></b></span><span style="font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike><b></b><span style="color: #6fa8dc;"></span><b></b><span style="color: #3d85c6;"></span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7BIwrdxLFf8bgO0eew7U7i60H2bhVfFCbu-UBcna0spLzUvBffCwsIbEc3pLtNMtt8XiN7nZm_b1X4CW8In0rCTn0vPy3MLwoXf8TIBuO6wfYSoHLL2r5V5J0sO4c30XKU6a4XPSiDfk/s1600/Cita%25C3%25A7%25C3%25A3o.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="66" data-original-width="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7BIwrdxLFf8bgO0eew7U7i60H2bhVfFCbu-UBcna0spLzUvBffCwsIbEc3pLtNMtt8XiN7nZm_b1X4CW8In0rCTn0vPy3MLwoXf8TIBuO6wfYSoHLL2r5V5J0sO4c30XKU6a4XPSiDfk/s1600/Cita%25C3%25A7%25C3%25A3o.JPG" /></a><br />
<b><span style="font-size: x-large;"></span></b><br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">Para início de conversa, saibamos o que
nos diz a Antônio Houaiss (lexicógrafo consagrado e de inegável robustez
académica) a propósito da entrada “parafrasear”, na primeira edição do seu <i>Dicionário
do Português Atual</i> (2011):</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<i><span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; margin: 0px;">Parafrasear</span></i><span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; margin: 0px;">: «interpretar ou
explanar através de paráfrase; interpretação ou tradução em que o autor procura
seguir mais o sentido do texto que a sua letra; maneira diferente de dizer algo
que foi dito; frase sinónima de outra»</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">Poderíamos convocar a autoridade de
outros lexicógrafos, igualmente conceituados, sobre a definição que nos propõe
o dicionarista brasileiro, não fosse a redundância que daí colheríamos.</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">Fica, assim, clara uma diferença
substancial entre o uso dos dois conceitos:</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">- C<i>itamos</i>, sempre que fazemos
incorporar no nosso texto palavras de enunciação alheia, reproduzindo-as
fielmente, no seu estado “selvagem”, sem interferências ou tentativas de
restauração <i>de re</i>.</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">- Parafraseamos, sempre que recorremos a
enunciados de pertença de terceiros, respeitando as ideias originais, mas sem
preocupações <i>de dicto</i>, retocando-as ao nosso gosto com comentários
opinativos complementares. </span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">Não sobram dúvidas, portanto, sobre o
uso da paráfrase (citação indireta) em alternativa à citação, ambas
constituindo mecanismos textuais poderosos na sustentação de uma determinada
linha argumentativa. No entanto, não é essa a prática generalizada a que
assistimos diariamente, quer no uso quotidiano da língua portuguesa em registos
conversacionais, quer em contextos mais formais de comunicação social ou mesmo
dissertativos.</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; margin: 0px;">É disso bom exemplo o editorial de
Mafalda Anjos da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Visão digital</i>,
publicado no dia 4 de janeiro deste ano, que selecionei entre muitos outros
textos que aqui poderia reproduzir:</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt; margin: 0px;">[...] «Sabíamos que os jornalistas são
hoje, parafraseando o poema de Sophia de Mello Breyner, como “os que avançam de
frente para o mar” e “vivem de pouco pão e de luar” [...]</span><span style="color: #222222; font-family: "&quot" , serif; font-size: 12pt; margin: 0px;"></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; margin: 0px;"> É inegável o poder metafórico que resulta da interseção
dos versos da <i>Lusitânia</i> (de Sophia de Mello Breyner) na linha
argumentativa do texto da diretora da revista Visão. No entanto, não está, de
todo, a parafrasear, mas a citar.</span><b></b><i></i><u></u><sub></sub><sup></sup><strike></strike></div>
Alcídiohttp://www.blogger.com/profile/03738605497226221502noreply@blogger.com0